Já sentiu, pelo menos uma vez, o desejo de chegar tarde ao trabalho, ou de sair mais cedo?
Nesse caso, compreendeu que:
a) O tempo de trabalho conta a dobrar porque é tempo perdido duas vezes:
– Como tempo que seria mais agradável empregar no amor, no sonho, nos prazeres, nas paixões, como tempo do qual se disporia livremente.
– Como tempo de desgaste físico e nervoso.
b) O tempo de trabalho absorve a maior parte da vida porque determina também o tempo dito, <<livre>>, o tempo de descanso, de deslocações, de refeições, de distrações. Atigne assim o conjunto da vida quotidiana de cada um, e tende a reduzi-la a uma sucessão de instantes e de lugares, que têm em comum a mesma repetição vazia, a mesma ausência crescente de vida verdadeira.
c) O tempo de trabalho forçado é uma mercadoria. Onde quer que haja mercadoria há trabalho forçado e quase todas as actividades se identificam, pouco a pouco, com o trabalho forçado: produzimos, consumimos, comemos, dormimos para um patrão, para um chefe, para o Estado, para o sistema de mercadoria generalizada.
d) Trabalhar mais é viver menos.
De facto, você luta já, conscientemente ou não, por uma sociedade que assegura, a cada um, o direito de dispor ele próprio do tempo e do espaço: de construir cada dia a sua vida como deseja.
>>
Do livro: Da Greve Selvagem à Autogestão Generalizada