o caminho faz-se caminhando

“Neste panorama sombrio, o caminho que estamos a percorrer pode abrir, mesmo assim, novas possibilidades: o esvaziamento do sentido social do Estado e a sua crise de legitimidade podem facilitar a reaproximação dos movimentos sociais do pensamento e da prática antiestatista libertária.

Também a derrocada do mito do socialismo de Estado deixa em aberto o campo da alternativa real aos sistemas de dominação, no qual se poderá afirmar o socialismo libertário ou, se quisermos, uma velha tradição igualitária e autogestinária presente nos movimentos sociais rebeldes e revolucionários dos últimos séculos. Com a derrota da estratégia leninista de tomada do poder, de utlização do estado para a criação de um <<socialismo>> por etapas, e com a derrota do mito  da excelência da economia centralmente planeada, que só gerou instablidade, desilugadade e burocracia, a pertinência dos valores anarquistas, do socialismo orgâncio, federlaista e descentralizado, tonra-se ainda maior para os que não abdicam de pensar e lutar por uma alternativa ao quei aí está.

O capitalismo, quer perdura como barbárie, subste antes uma contradição básica do nosos tempo, que pode ser resumida nas  palavras de Marcuse: <<A revolução que necessária parece ser a amis improvável. >> Improvável porque somente fortes movimentos sociais autónomos e libertários poderiam rompaer radicalmente a teia de um sistema repugnante que envolve todas as classes e grupos sociais, em que os processos de alienação se confundem com a cumplicidade consciente dos actores sociais, no que La Boétie já aplidava, no s´culo XVI, de servidão voluntária.

A partir daqui, de uma realidade adversa mas contraditória, o anarquismo poderá ainda lutar por retomar o seu papel nos movimentos sociais – nos velhos mas, principlamente, nos novos movimentos – o que vai depender, pelo menos em parte, da vontade, lucidez e acção dos libertários, mas também da capcidade de recriar um pensamento e uma estratégia radical adequada ao nosso tempo, superando as ilusões e as saudades de uma época em que as bandeiras negras e vermalhas esvoaçaram em Lisboa, São Paulo, Paris e Barcelona.

Por mais que os ideólogos do Poder e a corte de acólitos arrependidos proclamem o fim da Históra com a eternização do capitlaismo, o dia a dia nega mais este determinismo histórico de que nos querem convencer até os que há não muito tempo declaravma, coma mesma fé, o fim anunciado deste mesmo sistema. Mesmo que não possamos descartar a hipótese, ja um dia levantada por Mannheim, de o mundo <<estar a entrar numa fase de aparência estática, uniforme e inflexível>>.

Mesmo assim o futuro será sempre uma possibilidade em aberto, e os seres humanos, com todas as condicionantes culturais e materiais, poderão realizar as suas utopias ou pelo menos, lutar por isso. Para nós anarquistas, o socialismo libertário, a comunidade orgânica da Humanidade, continua a ser um imperativo para a radical humanização das sociedades.”

M. Ricardo de Sousa Os caminhos da Anarquia, Letra Livre

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