Do Direito de Encontro e Afinidades

81.Nós não queremos que a recusa de regressar ao sistema mercantil dê origem a um novo moralismo. O apelo à virtude revolucionária é sempre contra-revolucionário. Só torna vergonhosas e cínicas as taras que condena. Mentiras, separações, prestígio, passividade , apropriações e todos os hábitos herdados do sistema mercantil não desaparecerão pelo efeito de constrangimentos, de sanções ou palavras mansas, mas sim pela organização harmoniosa das paixões e dos desejos de realização individuais.

83. As pessoas dispõem de todas as liberdades práticas de reunião ou não reunião, de modo a poderem agrupar-se por afinidades, reunir-se em ocupações comuns, partilhar as paixões e os gostos, permanecer sós, passarem-se de um grupo para outro, tornarem-se participantes entusiastas de uma actividade, mudar de preocupações várias vezes ao dia, rivalizar em emlulação na criatividade.

85. Todos os gostos se encontram na natureza da harmonização social. Ao liquidar a culpabilidade, a promoção e libertação dos desejos liquidarão também a experiência que o velho mundo tinha de delitos e crimes. Esta é uma das apostas da autogestão generalizada.

91. O movimento de reagrupamentos por simpatias e contrastes é por sua vez uma das garantias mais seguras do fim das separações , do parcelar, das especializações. Quando a economia, o ensino, os conhecimentos, a linguagem… se tornarem assuntos que respeitem a todos, através de um jogo de competição geral e de prazeres particulares, deixarão de ser sectores e actividades separadas da construção da vida quotidiana, e participarão assim, num unidade, da qual as gerações passadas sempre sentiram o desejo imperioso e a muito incerta possibilidade, na reviravolta da história.

em: Da Greve Selvagem à Autogestão generalizada. Ratgeb

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