‘28 de maio de 1926, o golpe militar iniciava um longo período de 48 anos de repressão e violência no país. (…)
Entre 1926 e o início da década de 30 dava-se o primeiro assalto das direitas conservadoras, tradicionalistas e fascistas às instituições do Estado Liberal, e o país vive anos sangrentos com centenas de mortos e milhares de presos políticos e de deportados. Numa espécie de “guerra civil larvar e intermitente” sucedem-se golpes e revoltas contra a Ditadura Militar e o advento do fascismo.
Aprimorando o aparato repressivo que vinha de trás e algumas das suas práticas arbitrárias, a Ditadura Militar intensifica a repressão, sobretudo nos anos de 1927 e de 1928, e monta a sua rede de prisões e campos de concentração.
De facto, é no ano de 1928 que a Cadeia do Aljube passa a prisão política. Destinado a presos políticos e sociais, o Aljube servia, nesta fase inicial, de depósito de presos e de “placa giratória” para os elementos das oposições que seguiam para a deportação e para inóspitos e precários campos de concentração em Angola, Cabo Verde, Guiné ou Timor, onde a Ditadura prende em massa republicanos, reviralhistas, socialistas, anarcossindicalistas e comunistas.
A 48 anos de ditadura corresponderam 48 anos de resistência pela liberdade e democracia. (…)’ | Museu do Aljube . Resistência e Liberdade ) (http://museudoaljube.pt/…/golpe-militar-de-28-de-maio…)
FERNANDO RAMALHO | O seu trabalho tem circulado por vários campos musicais e sonoros experimentais, da exploração do drone ao trabalho com field recordings ou à livre improvisação. Os trabalhos Meta-Sonorização: em Diálogo com Ana Hatherly (2017), Oito Madrigais e uma Natureza Morta (2018) e Abro-vos a Casa numa interrogação (2020) dialogam com a poesia de Ana Hatherly, Inês Lourenço e Maria Gabriela Llansol. Tem vindo a trabalhar na performance Tocata Contrassexual, a partir dos escritos de Paul B. Preciado. A mais recente edição é Black Friday Blues (2020).
berlau.bandcamp.com | soundcloud.com/fernando-ramalho-1
TIAGO SOUSA | Detentor de uma linguagem sonora única, no seu percurso associam-se vários capítulos e encarnações. Caminhámos com ele através dos limites do rock, seguimos o seu trabalho e a influência através da editora que fundou, a Merzbau e mantemo-nos como espectadores desde os seus inícios, onde o piano é o coração de um corpo em constante evolução. Crescemos juntamente com a sua pesquisa criativa e pessoal incessante, no trilho do desconhecido, com não raros momentos de descoberta e partilha. Desde o longínquo ano de 2006, encontramos, pelo menos, uma dúzia de trabalhos a solo ou abraçando colaborações inspiradoras.
O que torna Tiago Sousa um exemplo raro como aborda este instrumente é o seu natural desapego a estilos e expectativas. Pouco limpinho para os cânones da academia, onde se podem escutar alguns elementos jazzísticos, referências da antiga filosofia oriental e uma multitude de universos enlaçados. Embora íntimo, a subtileza e magnitude das suas implosões emocionais das suas peças, não encontram outro habitat que na sua universalidade. Como tal, é um género genuinamente livre e libertador na sua dimensão mais selvagem, revelando a cortina de sonho, que orgulhosamente vagueia no palco telúrico.
É na profundidade e no render a nós mesmos que faz de Tiago um virtuoso na habilidade para enumerar os silêncios e as respectivas vantagens como elemento compositivo. Finalmente, o músico com uma consciência sociopolítica imensa, faz dele um artista assertivo e bastante activo, cujo trabalho ‘Coro da Vontades’ (apresentado em 2012 no Teatro Maria Matos e editado no mesmo ano em cd)é disso exemplo. Uma mão coberta de sujidade a outra de sangue, os dedos de Sousa descobrem cada nota e cada imagem, uma paisagem, prenúncio de uma nova realidade. O resultado é uma forma perturbada que nos vamos habituando a ver no seu trabalho. E neste momento nada faz mais sentido no trabalho de cada um quando já se legou uma maravilhosa herança de si mesmo. (Nuno Afonso | traduzido e adaptado)
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YARA PUNZEL | ‘Em vez de um alter-ego habilidoso, é um momento musical informal que, vindo de um arquivo pessoal espontâneo, pode ser partilhado, apenas porque existe.’Entrada exclusiva a sócios