Barreiro, uma ilha à espera de ser redescoberta
Uma cidade é feita de muitas camadas. Comecemos pela pele. O Barreiro é dormitório. Subúrbio. Viagem de barco de vinte minutos a partir de Lisboa. Metrópole de gases poluentes expelidos por fábricas e de oficinas da CP com aspecto caduco. Cidade de gente cansada que mal dorme e trabalha em Lisboa num escritório. A pele, o senso comum, os chavões, não falseiam.
Mas não revelam tudo. A pele revela apenas um ponto de vista. Observemos melhor, como o arquitecto é capaz de perceber as possibilidades de uma casa mesmo se para os leigos ela parece estar em ruína. O Barreiro possui a área com mais potencialidade de reconversão da zona metropolitana, bairros operários com aptidão de transfiguração e um património industrial sem igual.
Tem colectividades em cada ruela. Modos de relacionamento que funcionam como factores de coesão social. O associativismo é uma forma de estar. É uma urbe participativa. E possui um ambiente urbano singular, assente na urgência de fazer, em festivais de música, em grupos rock, numa escola de jazz, no teatro, na boémia e numa das populações mais jovens do país.
Nos anos 80, num concurso da RTP, à pergunta “que cidade é famosa pelo seu nevoeiro?”, uma senhora respondeu, confiante, “Barreiro”. Para muitos ainda será assim. Mas é possível avistar outra realidade, como o realizador e fotógrafo Anton Corbjin, que ali achou o lugar pós-industrial ideal para filmar os U2 em 2004.
O alvoroço na música
A pele revela. Mas é preciso saber ver. António Câmara, professor catedrático, director da YDreams, Prémio Pessoa em 2006, anda a olhar para o Barreiro há muito. “Fui pela primeira vez, em 1972, aos 16 anos, para ver jogar Earnest Killum, antigo jogador dos Los Angeles Lakers, que o Barreirense havia contratado”, recorda. Durante esse ano apanhava o barco de Lisboa para a outra margem, para assistir aos jogos de basquete. Quando regressou dos EUA e foi viver para o Meco, o filho acabou no Barreirense. “Levei-o a uma sessão de treino, percebi o entusiasmo que havia naquele lugar e não hesitei.” Ainda hoje pensa que foi uma das melhores decisões da sua vida. “Foi a melhor ‘escola’ que ele podia ter frequentado, aprendendo valores fundamentais como a paixão, o espírito de sacrifício, a resistência, saber ganhar e perder.” Aprendeu basquete e também a “aspirar à excelência.”
Durante cinco anos, quase diariamente, conduzia o filho aos treinos e depressa apreendeu elementos fundamentais da cidade: “Percebi que havia um espaço, a Quimiparque, ou seja a ex-CUF, que é o espaço com mais potencial na área metropolitana de Lisboa, porque está à beira do rio e são quase 300 hectares onde seria possível fazer uma nova Expo, mas mais experimental.”
E também que havia uma atmosfera cultural própria. “Notei que havia boas livrarias, como a Bocage, e um grande interesse pela música – não só no Barreiro, como nas áreas adjacentes. Havia muitos grupos ligados ao rock, jazz ou hip-hop. Senti que havia ali um ambiente experimental urbano que era fora do comum. E depois havia também um associativismo que me surpreendeu.”
Os indícios desses anos avolumaram-se. Hoje discute-se o futuro da área industrial da Quimiparque e do ponto de vista cultural vive-se um momento agitado. A companhia de teatro Arte Viva celebra 30 anos, integrando uma escola que tem hoje 100 alunos, maneira de integrar a população. Mas é sobretudo na música o alvoroço.
Em Setembro, no auditório Augusto Cabrita, decorreu o festival Barreiro Outras Músicas (BOM), com os americanos Anti-Pop Consortium, figuras de proa do hip-hop progressista, o alemão Oval, nome fundamental das electrónicas abstractas, ou os portugueses Lula Pena, Tigrala e os locais The Hidden Cookie.
Durante o mês de Outubro decorreu “A Cidade e a Música” com mais de uma dúzia de espectáculos dedicados a várias áreas musicais. A meio de Outubro foi a vez da sétima edição do OUT.FEST, evento maior em Portugal no campo das músicas exploratórias, que contou com Panda Bear (Animal Collective), nomes do jazz de vanguarda (Alex Von Schlippenbach e Lol Coxhill) ou projectos mais do que credíveis como os americanos Oneothrix Point Never e Emeralds.
No segundo fim de semana de Novembro foi a vez da 10ª edição do Barreiro Rocks, no Clube Desportivo Ferroviários, com os americanos Strange Boys e King Khan & The Shrines ou os locais Nicotine’s Orchestra. Duas noites esgotadas com rock & roll, celebração, festas depois dos concertos, ambiente multifacetado, engalanado pela presença do “crooner” Vieira, 81 anos, mestre de cerimónias de um acontecimento que atrai espanhóis e ingleses.
Todos estes acontecimentos têm o apoio da câmara local (no caso do OUT.FEST, também da DGartes) e acontecem em espaços como o Auditório Augusto Cabrita ou a Casa da Cultura, mas também nas incontáveis colectividades e associações, como Os Franceses, Penicheiros, Ferroviários, Clube Naval ou Cine Clube.
Mas não é só os festivais. É também a proliferação de projectos. Por um lado existem bandas conotadas com as linguagens mais exuberantes do rock – onde a cabe distorção, energia descontrolada, mas também a soul ou funk dos primórdios -, algumas delas agrupadas na compilação “Barreiro Rocks” da colecção OptimusDiscos, como Act Ups, Ballyhoos, Tracy Lee Summer, Fast Eddie & The Riverside Monkeys, Nicotine’s Orchestra, Los Santeros, Sullens ou Singing Dears. Alguns músicos, com destaque para Carlos Ramos (Nick Nicotine), circulam por algumas destas formações, ele que é também o mentor da editora-associação-produtora Hey! Pachuco!
Por outro, existem músicos como Mike Styles ou os Hidden Cookie, mais próximos da folk ou do rock alternativos, ou os Frango, PCF Moya, Pow! ou Tiago Sousa, mais difíceis de enquadrar e conotados com diversas linguagens exploratórias. Há ainda a Escola de Jazz do Barreiro, dirigida pelo músico Jorge Moniz, embrião de actividades, como os concertos semanais no espaço Be Jazz Café, com formações que tanto contemplam alunos, como nomes firmados do jazz. E inúmeros projectos de hip-hop e kuduro, a maior parte ainda confinada à invisibilidade.
Partilha do conhecimento
Não nasceram de geração espontânea. Há muito que a cidade é lugar de música e boémia. Durante o antigo regime a música estava ligada ao movimento associativo, com cantores reprimidos pelas autoridades a tocarem em colectividades, facultando uma oferta cultural que não se encontrava em mais nenhum lugar.
Rui Paz, arquitecto, trocou o Barreiro pelo Porto há dez anos, mas não esqueceu o papel que as colectividades tiveram na educação de avós e pais. “A população nos anos 50, 60 e por aí fora era muito culta, em comparação com a média em Portugal, por causa delas [das colectividades]. Havia bibliotecas, partilha do saber.” Hoje as novas gerações voltam a reaproveitá-las como espaços culturais, mas Rui Paz queria que se fosse mais longe. “O modelo das colectividades é actual – essa ideia da partilha do conhecimento – mas teria que ser feita uma readaptação aos nossos tempos.”
Nos anos 80 foi o ímpeto das rádios piratas (Margem Sul ou Sul e Sueste) e de alguns espaços nocturnos, como os pequenos bares Alburrica e Portão, e os inúmeros cafés e tascas das ruelas do chamado “Barreiro velho”, como a relaxada Vinícola, que funcionaram como embrião de algumas aventuras importantes.
Vivia-se o período pós-punk e o Barreiro era comparado à Manchester dos Joy Division pela paisagem industrial, mas também porque albergava muitos melómanos a par do que se passava de mais aventureiro nas capitais do mundo. Foi nesse contexto que na segunda metade dos anos 80 grupos como os Rocócó, marcados pelas visões industrias, ou os Soberano Veste Chanel, acabam por alcançar alguma projecção.
A primeira metade dos anos 90 são marcadas pelo grunge e pela explosão da música de dança e o Barreiro estava lá. Na discoteca Os Franceses, adjacente à colectividade do mesmo nome, ouvia-se tecno e house, coisa rara em Portugal. À frente dos destinos do bar Alburrica estava Jorge Sol, que havia integrado os Rocócó, e que é actualmente director criativo da MiopiaDesign.
“Em termos musicais estávamos alinhados com aquilo que se passava em Lisboa” recorda. “Foram anos incríveis. Mas não era só o Alburrica. Era também o Portão, a Carvoaria, os Franceses, o DNA, existia um circuito nocturno estimulante.”
Hoje continua a sentir uma “dinâmica criativa enorme.” Mas a noite está diferente. Nesse período havia uma mística – “nos anos 90 havia malta que fazia 30 quilómetros para vir ao Barreiro” – que se perdeu. “Essa ideia de circuito não existe, com excepção do Alburrica que continua a ser um local de culto.”
Hoje o ponto de encontro é o largo dos Penicheiros, onde jovens de cerveja na mão circulam de café em café. O espaço da Chapelaria, importante local de cumplicidade, fechou. O mesmo acontecendo com El Matador (mais tarde Espaço B), local que no início de 2000 albergou as bandas que marcam o ritmo da cidade.
Mas a correia de transmissão entre gerações funcionou. Nos anos 90 algumas bandas rock distinguiram-se, como os Gasoline, Toast ou Unladylike Scream. Com meia dúzia de concertos, os últimos são a banda mais recordada, em parte pelas performances viscerais do cantor Paulo Lameira e do guitarrista Nuno Cunha – há vídeos no youtube que o testemunham. Para Nick Nicorette eles foram “a coisa mais intensa que o Barreiro já viu.”
Rui Paz não se esqueceu desse período. “O Lameira era um tipo incrível em palco, havia uma energia particular em tudo aquilo. O Barreiro era especial, com gente muito criativa, mas é preciso alimentar essa criatividade, comunicá-la, de contrário esgota-se. Deve ter acontecido isso com os Unlady e com outros. Em lugares como o Barreiro a possibilidade de se passar completamente ao lado de qualquer coisa aumenta.”
Uma visão algo semelhante tem Nelson Gomes, da produtora Filho Único e músico dos Gala Drop, que já não vive no Barreiro há oito anos. “É uma cidade que fica demasiado perto de Lisboa, mas ao mesmo tempo está longe, vive nesse conflito entre não querer ser subúrbio, tendo uma dinâmica própria, mas não conseguindo, acabando por estar sempre a olhar para Lisboa. Para quem quer ir mais além, não ficar abafado, só lhe resta sair.”
O local e o global
Não vale a pena romantizar o que está a acontecer neste momento no Barreiro. Mas desvalorizá-lo é também não perceber como se geram este tipo de dinâmicas. Tiago Sousa sabe-o.
Responsável pela já extinta editora Merzbau (B Fachada, Lobster), envolvido na organização dos festivais, autor de um dos melhores álbuns portugueses do ano passado (“Insónia”, música para piano de expressividade emocional), e com registo novo para editar em Fevereiro pela americana Immnune (“Walden Pond’s Monk”) aspira cada vez mais a comunicar para um público “global”, mas continua ter um olhar muito lúcido sobre o “local”.
“Não vale a pena embandeirar em arco com algo cujos defeitos e virtudes conhecemos bem, mas também é preciso não subestimar o efeito do que tem vindo a ser construído” afirma, dando exemplos: “ao cabo de dez anos, foi a edição com mais pessoas do Barreiro Rocks, com um ambiente saudável, muita gente de fora e uma dinâmica própria, e o OUT.FEST também foi o mais conseguido de sempre. A cidade tem ganho com a exposição dos festivais. Considerando que os fenómenos culturais são parte de um todo que envolve criação e público, o Barreiro é um fenómeno coxo, mas não será o pais inteiro assim? Não é expectável que mudemos isso. No entanto, dentro daquilo que está aqui a ser feito, o Barreiro é um fenómeno que importa alimentar.”
A principal dificuldade é convencer a população local a envolver-se mais. “Essa é a maior esquizofrenia” diz. “Existe uma grande diferença entre aquilo que um grupo de pessoas, apesar de tudo reduzido, consegue fazer – atraindo pessoas de Lisboa e áreas adjacentes – e o espaço da cidade crescer a partir dessa base.”
Rui Pedro Dâmaso, músico (Frango, PCF Moya) e organizador do OUT.FEST, tem postura semelhante. “É como se não fosse legitimo esperar que houvesse uma vida cultural aqui, “então isso faz com que as pessoas não estejam atentas ao que se vai passando fora de alguns círculos. Às vezes é difícil. As coisas vão acontecendo. Há entusiastas. Mas depois falta que haja mais coisas para além daquelas que vão sendo feitas por nós.”
Ou seja, faz falta que a cidade se olhe ao espelho, e defina um rumo. “O que pode diferenciar a cidade de outro lugar suburbano é isso: a cultura. Quando acontecem os festivais é uma das poucas alturas do ano em que se projecta uma imagem diferente. Em que as pessoas vêm cá para algo que só o Barreiro pode oferecer.”
A importância da memória
Geograficamente é uma cidade ambígua. Perto e longe de Lisboa. Talvez por isso a possível construção de uma ponte Chelas-Barreiro suscite divisões. Há quem defenda que essa é a única via de desenvolvimento, e quem sustente que isso a tornará numa cidade indistinta. “Isto não é como Almada ou a zona Norte de Lisboa” diz Dâmaso. Ou seja, não é local de passagem. “Ao Barreiro só vem quem quer mesmo. Isto acaba por ser uma ilha.”
Há um assunto onde todos estão de acordo. A história do Barreiro é rica e não tem sido valorizada junto das novas gerações, nem comunicada ao país, mesmo se há dois anos a CUF fez 100 anos e a data foi lembrada com uma série de iniciativas. Era preciso que esse legado não se perdesse, dizem.
A experiência da CUF foi incomparável. Foi ali que se fez a revolução industrial portuguesa. Ali se concretizou o sonho de Alfredo da Silva, o grande empresário português da primeira metade do século XX, que criou um novo conceito de família, à volta das fábricas, inovadora para a época. Substituiu-se aos deveres sociais do Estado, criou a sua própria segurança social, hospitais e escolas. Era um país dentro do país. O que é curioso que é a experiência da CUF volta a estar actual. Nos EUA, por exemplo, há uma série de experiências comunitárias ditas de carácter experimental, com características semelhantes.
Há todo um legado que se vai perder se não for feito nada, diz a arquitecta Joana Astolfi, que desenvolveu o design da exposição “Cem anos da Cuf no Barreiro”, e que ficou fascinada com o que foi encontrar. “Não sabia nada sobre o Barreiro. Não sabia nada sobre o Alfredo da Silva. Ele criou um mundo. Há ali um património que interessava preservar porque a história da CUF é notável e merecia passar de geração em geração neste pais.”
Há apenas um pequeno núcleo museológico, o Museu Industrial da Quimiparque, que está quase sempre encerrado, mas segundo Astolfi “já se perdeu imenso património. Há pessoas que coleccionaram peças antes de desactivarem as fábricas, mas quando lá cheguei encontrei tudo desorganizado. Apenas deu para ir buscar coisas com valor gráfico, visual e histórico. A sensação que tive foi: isto está esquecido. Tive que fazer uma filtragem enorme.”
O espaço envolvente da Quimiparque, constituído por bairros operários, também encerra múltiplas possibilidades. Nos últimos anos uma série de empresas e ateliers (publicidade, design, serviços) fixaram-se ali, mas ainda há muito por desbravar. “Naquela zona devia existir um museu à séria”, afirma Joana Astolfi, “com capacidade de atracção”, porque, de contrário, “parte da nossa história, e da memória do Barreiro, perder-se-á.”
No projecto que António Câmara tem para o Barreiro, desenhado em conjunto com a Câmara Municipal, a memória joga um papel essencial. “Há uma parte decadente da cidade” reconhece, “mas ao mesmo tempo há uma vibração enorme e foi por isso que delineámos um programa que pretende mobilizar as energias jovens que existem para fazer algo diferente e chegámos a um conceito a que demos o nome de Fabricarte.” A ideia é criar um centro comunitário, misto de biblioteca do futuro, centro de ciência, zona de experimentação e fabricação – inspirado no conceito dos Fab Lab do MIT – e de incubadora de empresas.” Para o projecto funcionar dois elementos essenciais interconectam-se.
“Um é a ligação aos antigos operários e às artes que eles dominavam, num contexto completamente tecnológico. A ideia era entrevistar quem tinha trabalhado na CUF nas mais diversas áreas e fazer um registo. Um trabalho de memória. Houve um trabalho do Instituto de Ciências Sociais sobre os artesãos de Portugal e é um pouco nessa linha. Investigar, detectar todos os saberes, e depois tentar adaptá-los às tecnologias modernas.”
O propósito é fácil de compreender. “Há saberes que não convém perder. Por exemplo, nos EUA, neste momento, ninguém sabe fazer ecrãs. São feitos na China. Resultado: por cada emprego gerado pelos iPad nos EUA há dez empregos gerados na China. No Barreiro há saberes que se irão perder com estas gerações e que poderão ter interesse num contexto completamente diferente.”
A outra componente importante do projecto “tem a ver com as áreas em que achamos que o Fabricarte devia especializar-se: a música e o desporto.” O potencial de atracção já existe. Só tem que ser estimulado. Da música, já falámos. Do desporto, basta pensar no papel que clubes (Barreirense, CUF ou Luso) e colectividades tiveram na prospecção de talentos, que alimentaram, durante décadas, equipas de futebol como o Benfica de Bento, Chalana, Carlos Manuel, Diamantino e outros.
“A ideia era ter um centro onde se pudesse ler tudo o que há sobre música, experimentar música, fazer música, ou ler sobre desporto, com uma parte de experimentação que fosse quase um centro de ciência viva em que explorassem esses dois temas. Haver possibilidade das pessoas tocarem, inventarem novos objectos, utilizando a fabricação, imaginar novos sensores para o desporto, ou novos equipamentos, ou novos instrumentos musicais. Tudo ligado isto ligado à música e ao desporto.”
E o que falta para o projecto avançar? O tradicional em Portugal – financiamento. Há dinheiros comunitários, falta a parcela portuguesa, afirma. “Toda a gente está interessada, tem imensas potencialidades e o Barreiro é o ambiente ideal”, diz António Câmara. Seja com este, ou com outro projecto, o que os novos actores culturais da cidade desejam é que não sejam esquecidos. “Era importante agora que se fala muito do futuro da zona industrial, que aquilo que tem emergido como cultura própria do Barreiro pudesse ser integrado nessa ideia de futuro que é necessária para a cidade”, conclui Rui Pedro Dâmaso.
O potencial de futuro está lá. A memória, a identidade, uma ideia de comunidade fragilizada mas que a ainda subsiste, a energia do fazer, a criatividade, os espaços com desejo de serem reconvertidos. Falta conectar. Estimular. Se isso acontecerá ou não o futuro dirá. Mas o filão está lá. Na ilha do Barreiro.